Em clima de parque de diversão com direito a pipoca, maçã do amor e algodão doce entre bolas coloridas e um cenário de barraquinhas, Versace desfilou sua coleção para a Riachuelo, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera. As roupas começarão a ser vendidas a partir de amanhã. Quando as cortinas que protegiam a passarela abriram, revelaram um autopista com carrinhos em movimento, dirigidos por belos rapazes de marinheiro levando a bordo as modelos. O desfile acabou e a plateia, em delírio, se deslocou para comprar os modelos à venda numa enorme loja, onde um anúncio luminoso hipnotizava com a palavra Open. Foi quando Donatella me pegou distraída.
Cheguei a pensar em comprar uma bolsa. Quase me deixei levar pelo impulso, principalmente quando soube que uma blusa estava na faixa de cento e poucos reais. Diante da multidão frenética vasculhando as araras, perdi o ânimo. Deixei para trás as blusas em prints de conchas e estrelas do mar, os vestidos longos fendados, as sandálias fatais de saltos altíssimos.
Quando me preparava para sair, de repente, ao olhar para trás, dei de cara com ela. Louríssima, vestido roxo colado, magérrima. Seus lábios enormes sorriram e eu, paralisada, retribuí. Antes que pudesse entender alguma coisa fui atropelada por um bando de fotógrafos com sede de Donatella.
Engraçada, brincando com a multidão de celulares que se erguiam para fotografá-la, Donatella Versace passeou pelo salão, fazendo todo o tipo de poses num gigantesco selfie coletivo.