Vastos cabelos pretos, Antônio Pina acaba de interpretar no teatro o corrupto juiz Amos Fiodorovitch da peça "O inspetor geral", dirigida por Nello Marrese. O texto, de 1836, escrito por Nikolai Gogol, é uma sátira ao populismo e à corrupção de uma cidadezinha do interior que entra em transe e intrigas com a visita de um inspetor geral. Presença forte no palco, a carreira teatral deste carioca, de 35 anos, está apenas começando. Ele fala aqui de Brasil, corrupção, moda e estilo.

 

'Não dá  mais para não se importar com política'

"Interpreto um juiz que faz parte do esquema de corrupção da cidadezinha. Ele desvia dinheiro da escola, da merenda, faz o diabo. A gente faz parte dessa sociedade corrupta. Eu não lembro em quem votei para senador. Quem assistiu à peça se toca e entende que não dá mais para não se importar com política", diz Antônio.

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"Delcídio, helicóptero com cocaína, corrupção. Trouxemos o 'Inspetor geral' para o nosso cotidiano. Foi emocionante ver pessoas que nunca tinham conversado sobre política começarem a se preocupar", afirma Antônio, para quem está mais do que na hora de lutar pelos nossos incentivos de cultura.

Uma das maiores incentivadoras de Antônio foi a ex-namorada, a diretora de cinema argentina Agostina Macri. "Ela me deu uma visão de mundo bacana", admite Antônio, que sonha em trabalhar com Fernanda Montenegro.

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Há 12 anos como supervisor de franquias da Osklen, sua tarefa é levar informalmente estilo às lojas. Um de seus maiores incentivadores é Oskar Metsavaht. Antônio tem um jeito muito particular de vestir. De brincadeira, é chamado pelo stylist Jhon Santana, figurinista da peça e stylist das fotos de Pedro Arruda, de mendigato pela maneira displicentemente elegante de usar uma roupa. Fred Astaire, que costumava jogar várias vezes seu paletó de linho na parede para amassar antes de vestir, ia gostar de Antônio.

'Todo mundo quer ser suicide girl'

"Hoje todo mundo quer ser muito estiloso mas sem embasamento, sem referências de arte e cultura. Todo mundo quer ser cool, hipster mas tudo meio vazio. Falta atitude para a vida. Há uma banalização da moda, resultado da globalização.
 Todo mundo quer ser suicide girl, cool com uma pistola na mão.

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Natureza e arquitetura, a floresta e o urbano bem no clima do Rio de Janeiro ambientaram as fotos deste ensaio. Para Antônio, em termos de estilo, o menos é mais. "Uso estampa de onça, gosto do hippie cool, do folk e do rock. Amo preto. Se você é minimalista, sabe o momento certo de usar a estampa. Curto o básico, formas geométricas de design. Sou meio mendigão e gosto do oversized", diz.

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'Barba deixa as pessoas intrigadas'

Antônio usa barba há oito anos. "Deixei grande para o personagem. Costumo ir a um salão unisex em Botafogo, uso xampu e creme e gosto da sensação do quase seco. Acho que a barba conta uma história. Deixa as pessoas intrigadas. Gosto quando a mulher olha para a minha barba e pergunta: você faz o que? Amplia meu portfolio. Não sou metrossexual, só cuido da barba", esclarece.

Fotos Pedro Arruda
Styling Jhon Santana

 

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